No Sesi Alagoas, a união entre ensino tradicional e métodos inovadores permite aos estudantes terem acesso ao melhor dos dois mundos. Por meio do projeto de Iniciação científica e com propostas que vão desde o empreendedorismo à soluções que podem impactar a indústria, eles se aventuram no universo da faculdade enquanto ainda estão na escola.
Só neste ano de 2024, os alunos tiveram grandes conquistas com projetos que surgiram como ideias dentro da sala de aula. Em junho, os estudantes do Sesi Benedito Bentes trouxeram para o Brasil o prêmio Champions Awards, do Asia Pacific Open Championship First Lego. O evento é considerado uma das maiores competições de robótica do mundo.
Já agora em setembro, os sesianos voltaram a trazer mais orgulho para Alagoas ao desenvolverem a Inclupen, uma caneta que facilita a escrita de pessoas com a doença de Parkinson. O produto ganhou o primeiro lugar na 9ª Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic).
Esses resultados mostram que, quando estimulados a pensar de forma científica e empreendedora, crianças e adolescentes podem ir além da sala de aula e contribuir para a construção de um futuro melhor. E os professores do Sesi são peça fundamental nesse processo, orientando os alunos na busca por soluções inovadoras e significativas.
“É um processo contínuo de evolução. Temos estudantes com dois ou três anos de experiência em pesquisa científica, e a transformação é evidente. Os alunos da robótica, por exemplo, demonstram mudanças claras na forma como se expressam e se posicionam, seja nos trabalhos escolares, seja em entrevistas de emprego”, destaca o professor de linguagens Alef Marinho.
Para Vinícius Alves, aluno do 8º ano e integrante da equipe da Inclupen, a orientação do professor Alef foi essencial para o sucesso do projeto. “O professor faz a gente enxergar o que temos dificuldade de ver, ajuda em coisas que nem sabíamos que podíamos fazer e inspira quando a gente perde a esperança. E ele acredita muito na gente.” O depoimento de Vinícius ilustra o impacto que a relação entre professor e aluno pode ter, fortalecendo a confiança dos jovens e estimulando seu potencial criativo.
Com seis anos de experiência no Sesi, Alef foi mentor do projeto Inclupen desde o início, acompanhando o desenvolvimento da ideia com seus alunos. “É gratificante ver a evolução deles. Eles aprendem a enxergar o mundo com um olhar crítico e a entender como podem transformar a sociedade por meio da ciência e da inovação.”
A aluna Zahyra Ataíde, por sua vez, conta que sua turma encontrou nos professores o apoio necessário para transformar uma ideia em realidade ao criar a Conecta, uma agência de comunicação liderada por estudantes do Sesi. “Ano passado, minha turma já tinha bastante envolvimento com a parte visual, que eu sempre gostei. Mas eu queria algo mais ativo, que não ficasse preso só na sala de aula”, relata.
Ela e um grupo de alunos levaram a proposta de uma agência ao diretor da escola, após uma reunião, decidiram criar algo totalmente novo. “Queríamos algo que não apenas ajudasse no nosso aprendizado, mas que também contribuísse para o desenvolvimento de toda a comunidade escolar.” Assim surgiu a Conecta, um projeto que une criatividade e colaboração para ampliar as habilidades de comunicação dos alunos e melhorar a interação na escola.
O professor Cleitton Lourenço, responsável pela disciplina Projetos de Vida, também comemora o desempenho dos alunos. Sua equipe desenvolveu cobogós sustentáveis voltados à construção civil, conquistando o segundo lugar na 20ª Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (Fenecit), realizada em Recife. Cleitton explica que o projeto foi inspirado na renda-filé, com o uso de materiais como bagaço de cana-de-açúcar e pó de coco seco, fortalecendo a conexão entre inovação e identidade local.
“No total, foram 14 tentativas até encontrarmos uma composição viável. Durante o processo, os alunos aprenderam sobre paciência, resiliência e trabalho em equipe. Com o apoio dos estudantes de edificações do SENAI e orientação técnica do instrutor Eliseu, conseguimos chegar a um protótipo funcional”, relata Cleitton. “Ser professor no Sesi é mediar o conhecimento e preparar os alunos para serem protagonistas do próprio aprendizado.”
A professora Karolyne Camile, que leciona matemática, também acredita na importância de conectar o ensino às possibilidades reais que os alunos podem aplicar. “É comum eles perguntarem: ‘Eu vou usar isso para quê?’. Por isso, buscamos uma abordagem que vá além dos livros e que faça sentido para a vida real”, explica.
No itinerário de matemática do Sesi, os alunos trabalham com programação, desenho técnico e conceitos de engenharia, utilizando ferramentas como o GeoGebra para aplicar vetores e geometria na prática. “O foco não é só cálculo, mas desenvolver habilidades que eles possam usar no futuro. Essa metodologia os ajuda a descobrir o que realmente querem fazer e a se prepararem para enfrentar desafios de forma mais segura e consciente.”
Além dos projetos voltados para os estudantes regulares, o Sesi se destaca pela inclusão por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), ensino que é oferecido gratuitamente através de Editais de Gratuidade. Felipe Aimaás, professor de Ciências da Natureza na EJA há seis meses, acredita que sua missão vai além do ensino de conceitos teóricos.
“Trabalhar com esse público é aprender um pouco todo dia com suas experiências, é ter empatia e compreender que cada um tem seu tempo. A vida não é linear; ela tem altos e baixos, mas com esforço conseguimos alcançar tudo o que desejamos, independentemente do tempo.” O relato de Felipe ilustra como o SESI busca criar espaços de aprendizagem que se ajustam às diferentes realidades dos alunos, reconhecendo suas vivências e promovendo uma formação que vai além do conteúdo.
Neste dia dos professores, os exemplos de Alef, Cleitton, Felipe e Karolyne mostram que o impacto de ser professor vai além do ensino em sala de aula: é um trabalho transformador, que desperta talentos e forma cidadãos.
“Então, toda essa metodologia nossa faz eles começarem a ter esse outro olhar, e eu acho que isso ajuda muito eles a entenderem o que querem fazer no futuro”, relata a professora Karollyne.